O mundo de Wharton
Edith Wharton é a autora de um romance intitulado The Age of Innocence (A Época da Inocência), uma obra intrigante, pois em pleno final do século XIX, a autora apresenta uma concepção de sociedade que é vigente até os dias atuais.
Em The Age of Innocence, o leitor é transportado para um mundo de costumes e para uma sociedade aristocrática cujas regras são deveras rígidas e, em que o fato de não se seguirem tais regras é algo inaceitável.
Wharton descreve a sociedade aristocrática como sendo uma tribo -- 'tribe' -- em que a idéia de hierarquia deve ser socialmente aceita e assimilada por todos que são ou que querem se tornar parte da tribo.
Dentro da tribo, as pessoas têm um papel a ser desenvolvido de modo que elas continuem fazendo parte da mesma. Outro requisito para ser um membro da tribo é ter etiqueta, e isso pode ser visto no discurso de Lawrence Lefferts, um jovem que nas palavras da narradora do romance, "was, on the whole, the foremost authority on 'form' in New York." De acordo com Larry Lefferts, conhecer etiqueta -- 'form' -- seria algo essencial em qualquer pessoa. Vale a pena mencionar a ironia por trás de Larry, uma vez que quando haviam boatos em relação a fidelidade deste por sua esposa, o mesmo fazia discursos de cunho moralista.
Esta tribo, que, é, ironicamente apresentada ao longo do romance é um tanto (ou muito) hipócrita e isso se confirma no modo como as pessoas reagem quando a condessa Ellen Olenska retorna para sua família, após fugir de um casamento desastroso com conde Olenski. Inicialmente, ninguém aceita Ellen uma vez que ela violou uma regra social, isto é, ter abandonado seu marido e, por isso, ela poderia ser vista como um símbolo de vergonha. Quando Ellen retorna, sua família decide promover uma festa em sua homenagem, mas poucas pessoas aceitam o convite para o evento.
Na verdade, o mundo descrito por Wharton era apenas um meio de se estabelecer a idéia de uma sociedade patriarcal em que as pessoas são forçadas a concordar e lidar com um número infinito de coisas "inaceitáveis", como a relação extra-conjugal de Julius Beaufort, a fim de manter a idéia de que em uma tribo as pessoas devem proteger umas as outras e também serem protegidas por todos.
Se o leitor deste post observar o mundo ao seu redor, ele perceberá que a nossa sociedade é bastante idêntica àquela que Edith Wharton apresenta em A Época da Inocência.
1 Comments:
, que, é, ironicamente
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