sexta-feira, agosto 12, 2005

Facts or Freedom?

Estava aqui a estudar para a prova de literatura infantil quando me deparei com um artigo sobre as filhas de Lobato: Ana Maria Machado, Ruth Rocha e Lygia Bojunga. Essas autoras refletem muitas características dessa pessoa responsável por várias e vitais mudanças no cenário literário e até econômico do país (veja post anterior sobre ele).
Uma dessas mudanças foi o incentivo que todos esses autores infantis deram à leitura como maneira de valorizar a inteligência das crianças. Eles também escreveram livros em que ‘assuntos de adultos’ eram trazidos numa linguagem acessível e questionadora para que os infantes pudessem crescer com um espírito mais crítico. Desse modo, quando grandes, esses leitores causariam diferenças na sociedade como um todo.
Mas o que eu quero dizer com tudo isso é que: muitos professores (não importa se professores de ensino fundamental, médio ou superior) não aceitam a posição dos autores acima mencionados e chegam a criticá-los colocando-os em posição inferior por lidarem com literatura infanto-juvenil e por terem pensamentos abertos para com as crianças. Isso me lembra o protagonista de Hard Times de Charles Dickens, Thomas Gradgrind, quando ele diz nas primeiras linhas do romance:
"Teach these boys and girls nothing but Facts. Facts alone are wanted in life. Plant nothing else, and root out everything else. You can only form the minds of reasoning animals upon Facts: nothing else will ever be of any service to them. This is the principle on which I bring up my own children, and this is the principle on which I bring up these children."
Da mesma forma que questiono a força do Behaviorismo e do método Audiolingual no ensino de línguas estrangeiras diante de todos os avanços imagináveis nessa área, me pergunto como pessoas defensoras de um sistema regulador das idéias e mentes de alunos (a idade e série aqui não são relevantes) podem ser tão poderosas? Soa-me muito injusto e contraditório, assim como ver pessoas morrendo por coisas tão ordinárias (saneamento básico de péssimas condições, por exemplo) num século representativo das mais altas tecnologias e descobertas em todas as ciências.
E os artistas, corajosos de mostrar que existe um caminho melhor são baleados por palavras que nem os homens das cavernas, talvez, seriam capazes de dizer.
Vida longa às filhas de Lobato e a todas as pessoas com olhos e mentes que vêem além dos Facts e dos preconceitos. E todos os apoios do mundo para as crianças leitoras de muito mais que os desenhos japoneses.

1 Comments:

Blogger Aurélio Araújo said...

É preciso acabar com essa filosofia de ensino baseada apenas em fatos.

O ensino torna-se muito mais gostoso, motivante e atraente quando o professor leva a realidade para as salas de aula. Isso faz com que o aluno sinta-se valorizado e aprenda de forma menos dolorosa.

Dizia Paulo Freire: "A leitura da palavra precede a leitura de mundo e, a leitura deste, é imprescindível para a compreensão daquela" (A Importância do Ato de Ler).

Destarte, vida longa às filhas de Lobato.

sexta-feira, agosto 12, 2005 4:49:00 PM  

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