sexta-feira, junho 24, 2005

Sobre as neuroses humanas

Ontem durante uma conversa que tinha com um de meus amigos virtuais, eu dizia que sou muito parecido com Melvin Udall, personagem interpretado por Jack Nicholson em Melhor É Impossível (As Good As It Gets). Quem já assistiu a esse filme sabe bem do que estou falando.
Melvin é um personagem que eu admiro muito. É um escritor que sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo e, por isso, tem mania de limpeza, gosta da solidão, é uma pessoa amarga e que não se importa nem um pouco com o bem estar alheio.
Um outro personagem do cinema que muito me atrai é Boris Grushencko, vivido por Woody Allen em A Última Noite de Boris Grushenko (Love and Death). Aliás, neste filme, cuja história se passa durante a Revolução Russa, Woody Allen trata de questões éticas e existencialistas da sociedade e isso fica evidenciado no comportamento de Boris Grushenko.
Para arrematar essa discussão sobre as neuroses humanas, nada mais apropriado que falar de Dr. Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins em O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs), Hannibal (idem) e Dragão Vermelho (Red Dragon). Doutor Lecter é um psiquiatra que simplesmente devora seus pacientes com requintes de crueldade. A inteligência e a frieza de Lecter são seus maiores atributos.
O leitor deve estar a se perguntar: "mas por que diabos esse texto?". Eu digo. A humanidade é neurótica e não há como fugir disso, pois a neurose é uma idiossincrasia. É praticamente impossível encontrar uma pessoa normal que não tenha nenhuma mania, não é verdade?

sábado, junho 18, 2005

Um ideal!

(Esse post foi publicado primeiramente no meu blog e tem um caráter bastante pessoal. No entanto, achei de boa fama trazê-lo para a revista também, como uma reflexão para todos aqueles que ainda acreditam em sonhos)
Acabo de assistir Diários de Motocicleta, filme de Walter Salles sobre a viagem de Ernesto Guevara e seu amigo Alberto Granada pela América do Sul. Apesar de não ter muito talento para crítica de cinema, considero o filme do diretor brasileiro muito bem feito em todos os sentidos que pude observar.
O ator Gael Garcia Bernal é Guevara e Rodrigo de la Serna é Granada (mas isso todo mundo já sabe posto que fui a última dos seres viventes a ver essa linda obra) – perdoem-me caso não tenham gostado do filme...rs rs. Enfim, o que quero realmente dizer com esse post é que o filme muito me tocou no sentido de que ainda acredito em um ideal que se encontra há anos luz da nossa realidade. Como eu queria poder sonhar e, mais que isso, poder viver momentos de prosperidade e sucesso em toda parte do nosso país e dizer que a corrupção não é mais um bloqueio para o desenvolvimento justo e belo da nação (digam o que quiserem, mas o Brasil é uma nação e uma pátria – falo isso porque uma vez um professor que muito admiro até hoje nos disse que tal afirmação não poderia ser proferida). Alguns já me ouviram dizer que penso em seguir carreira política e me aventurar nas rédeas de um governo (embora desacredite que isso um dia irá acontecer) e momentos de reflexão como esses (assistir um filme que mostra as inspirações de Che Guevara para revolucionar a América) me fazem ser um alguém que existe dentro da minha alma que não tem oportunidades para por em prática as exaltações que borbulham lá dentro. Sei que construo períodos longos, mas eles me estimulam a uma escrita mais clara toda vez que sento ao computador para colocar em letras as aflições e anseios de um pobre coração que se encontra sem rumo nesses dias.
Voltando ao tópico que escolhi, queria dizer que sinto falta de revolucionários que sonham alto e não exprimem covardia ao construir lutas significativas para a história da humanidade. No entanto, penso que o que mais me desmotiva a lutar por ideais que ainda regam meus pensamentos é a maldade inerente ao coração do homem que o impede de mostrar a benevolência que certamente existe em uma câmara secreta dentro desse mesmo coração. Sinto que meu texto contém motins pessoais e está carregado de raivas que não estou conseguindo reter dentro de uma esfera passiva e tranqüila. Mesmo sendo má tantas vezes e não dotada de uma capacidade de amar as pessoas ao meu redor como eu gostaria, meu senso de justiça se encontra bastante aguçado e tem me levado a questionar o meio que vivemos de uma maneira mais agressiva e incisiva. A maldade que opera reinante me angustia e me entristece a face até as lágrimas.
Sei que Guevara não foi um líder repleto de honestidade e justiça, mas sei que poucos desafiaram a deixar a maldade de lado e fazer sobressair à beleza do conhecimento da raça humana benévola. Tenho muito medo do que possa acontecer a cada dia que passa. As pessoas me assustam imensamente quando tenho que lidar com elas numa posição de ataque ficando minha fragilidade transparentemente visível por quem está por perto. Sinto pena das que não consigo perdoar e daquelas que afundam num abismo da própria corrupção sem perceber que a vaidade e dureza do orgulho corrompem as mentes mais atentas para as circunstâncias derredores.
Tudo o que posso concluir de meu texto um tanto quanto senso comum (só não perco para Arnaldo Jabor – quanta baixa auto-estima, quem pode me livrar dela? Socorro!) é que não tenho forças o suficiente para aceitar as situações do jeito em que elas se encontram e nem para aquietar e deixar que o tempo cuide delas (ele apenas esconde debaixo do tapete tudo o que mais cedo ou mais tarde nos acarretará prejuízos na alma doente). Eu sou o tempo que agora opera e não posso mais chorar sozinha sem tentar alcançar um ideal que me consome como fogo abrasador. Não sei até onde conseguirei chegar, mas prometo que não desistir será minha palavra de honra, por mais que os fracassos superem as vitórias que almejo.
Guevara morreu muito novo e não pode lutar o tanto que quis. Farei o meu melhor até o meu fim.

quinta-feira, junho 16, 2005

Sobre a hipocrisia

Quem me conhece sabe que sou apaixonado por novelas televisivas. Eu entendo este tipo de programa como uma continuação da tradição folhetinesca do romance. A novela seria uma evolução do romance de folhetim.
Pois bem, estou a acompanhar a novela Xica da Silva, exibida de segunda a sábado pelo SBT. Neste folhetim, o que mais me atrai não é a história de Xica da Silva -- a escrava que se transformou em "sinhá" mas sim a apresentação da sociedade e sua podridão.
Em Xica da Silva, tem-se a figura de Violante, uma mulher que faz questão de afirmar-se reta, pura, respeitável. É neste ponto que se vê a hipocrisia, pois apesar de lutar pela manutenção da moral e dos bons costumes, esta sente-se atraída por Padre Eurico e também por seu pai, caracterizando um desejo incestuoso travestido pela admiração que este exerce sobre ela.
Além da figura de Violante, tem-se o Capitão Mor, que rouba e trafica diamantes, uma Marquesa, que mesmo falida faz questão de manter a pose. Vale mencionar também a figura de Padre Eurico, que sente-se atraído por Eugênia e vê-se tentado a abandonar a batina.
Na literatura americana, tem-se um livro chamado A Época da Inocência, escrito por Edith Wharton. Neste romance, Wharton apresenta uma sociedade patriarcal em que todos os personagens devem-se manter unidos em tribos a fim de que estes se protejam. Toda a aristocracia da Nova Iorque do século XIX sabe que Julius Beaufort tem um romance com outra mulher, mas é cômodo para os aristocratas manterem-se em silêncio e compactuar com o adultério. Este é apenas um exemplo de vários que se podem retirar do livro.
Enfim, para que alguém possa viver bem em sociedade, é preciso fechar os olhos para a podridão da mesma. É ver pessoas lutando com unhas e dentes para se promoverem no trabalho, é preciso aceitar as imoralidades dos que lutam pela moral e que só pensam nisso, etc. E se alguma pessoa insistir em denunciar a podridão e a hipocrisia, com certeza esta será excluída da sociedade. Vemos e vivemos isso todos os dias.
Não se pode lutar contra a hipocrisia, pois como dizia Guimarães Rosa: "em terra de cego, quem tem um olho perde a cabeça".

domingo, junho 12, 2005

Dia dos (Ex-)Namorados

Hoje eu quero falar sobre o amor. Na minha concepção, amor é um sentimento forte, puro, inocente. Algo que muita gente pensa já ter sentido. Quem me dera, poder acreditar em um amor tão forte como o de Tristão e Isolda, ou Romeu e Julieta. Enfim, um amor tão belo que transcende os limites da vida. Infelizmente, eu sou do tipo que já acreditou piamente no amor, mas após algumas desilusões, adotei um ponto de vista um tanto cético acerca desse tema. Acho que todas as pessoas deveriam assistir a um filme nacional -- muito bom, por sinal --, chamado Pequeno Dicionário Amoroso. Aquilo sim, é uma ótima definição de amor. Logo no início, José Wilker diz que amor é um sentimento que não dura mais que um ano ou setenta e duas cópulas; o que chegar primeiro. Em seguida, o filme apresenta a vida amorosa de um jovem casal que se conhece em um cemitério. O interessante é que essa vida amorosa é apresentada através de verbetes que vão desde o Amar até o Zerar. E o mais impressionante é que isso é a mais pura verdade. No início tem-se a caça, as coisas em comum, as coincidências, o desejo, etc etc etc. No final, tem-se a perversão, a tristeza, a saudade, até que tudo chega no zero e o amor acaba. O filme traz o que eu posso chamar de Raio-X do amor. Os casais apaixonados usam uma expressão que me causa desgosto. É um tal de dizer "eu te amo" que eu fico até assustado. Após minhas desilusões, concluí que soa melhor dizer "eu estou com você", ou "eu gosto da sua companhia", enfim, coisas mais sutis. Afinal, se o amor é visto como um sentimento eterno, uma pessoa não pode sair atirando um monte de Eu te amo's por aí. Eu entendo o amor como algo que só se sente uma vez. Deste modo, é um tanto precipitado dizer que se ama alguém. É mais correto e mais racional dizer que se está apaixonado por alguém, uma vez que as paixões são efêmeras, vêm e vão. Bom, acho que é só isso. Assistam Pequeno Dicionário Amoroso. No filme está a minha concepção daquilo que chamam amor. Posted by Hello

terça-feira, junho 07, 2005

A poesia da rotina

No último domingo eu assisti a uma entrevista com Marina Colassanti (poetisa e escritora) e Elisa Lucinda (poetiza e atriz) no programa Dois a Um, com Mônica Waldvogel. Foi uma entrevista muito produtiva, pois elas falavam sobre nada mais nada menos que a mulher. Nada melhor para se debater que o ponto de vista feminino e o papel da mulher dentro da sociedade.
Quando o assunto tomou o rumo do casamento, mais especificamente a rotina -- o mal da união conjugal --, Marina Colassanti fez umas afirmações que me deixaram bastante reflexivo sobre esse tema. Após ouvir o que ela disse, cheguei a conclusão de que a rotina é algo que pode ser muito belo. O leitor deve estar se perguntando como eu posso ver beleza na rotina. Sem problemas. Eu explico.
Por que as pessoas reclamam do fato de ir ao cinema toda semana, comer pipoca, tomar refrigerante e depois de tudo isso, ir para casa? Se você for ao cinema e assistir ao mesmo filme por duas vezes (ou mais), você com certeza encontrará aspectos que não foram percebidos na primeira vez que você assistiu a esse filme. A pipoca terá outro sabor, o filme despertará uma nova leitura, o dia será outro. O que se passou há um segundo não se repetirá nunca mais, pois aquele segundo já passou e não voltará.
Em linhas gerais, descobri que a rotina não existe. Quase ninguém reclama da cor do céu, que mesmo em dias nublados preserva um tom azulado. Quase ninguém reclama da primavera, que acontece todos os anos. Assim como quase ninguém reclama da cara da mãe, ou de expressões como "bom dia", "obrigado", "por favor" etc.
Se poucas pessoas reclamam do dia-a-dia, qual a necessidade de se reclamar do fato de acordar ao lado de alguém que está com mal hálito, boca seca, cabelos despenteados? Por que reclamar do fato de se ir ao cinema todos os sábados? A vida a dois foi feita para ser vivida. Cedo ou tarde o que se denomina rotina chegará e não é justo destruir uma relação por causa disso, uma vez que a monotonia faz parte da vida humana. Trabalhamos todos os dias, estudamos todos dias, dormimos todos os dias, respiramos o tempo todo e nem sempre reclamamos disso.
Desde então, descobri que a rotina pode ser poética, interessante e que eu sou uma pessoa que gosta disso. Interessante, não?

Monteiro Lobato!

Estava aqui a pensar sobre meu próximo texto aqui na revista e decidi escrever algumas linhas sobre Monteiro Lobato, já que estamos estudando sua vida e obra na matéria de literatura infanto-juvenil. Apesar de não ter tido acesso às suas obras quando criança, muito ouvi falar sobre ilustre autor. Lembro-me mais de ter lido vários livros de Maria José Dupré, contemporânea de Lobato e autora muito elogiada por ele.
Conhecido pelas histórias de D. Benta, Emília, Narizinho (suas personagens femininas são de importância vital para suas histórias, principalmente em O Sítio do Picapau Amarelo), Visconde e Pedrinho, ele foi uma pessoa que revolucionou a editoriação de livros no país no início do século XX. Não havia no Brasil uma editora sequer até aquela época quando o autor fundou a Braziliense Editora. Foi também bastante aplaudido por sua inovação na criação de ilustrações para as capas dos livros editados por ele. Até então, apenas o título e o nome do autor eram vistos na primeira imagem dos livros editados majoritariamente em Portugal.
Mas não só bons momentos viveu nosso maior autor de histórias infantis. Seus dois filhos morreram de tuberculose quando ainda eram bastante jovens e também teve várias crises financeiras, indo à falência por quatro vezes se não me falha a memória. Morreu ainda jovem, com pouco mais de 60 anos e não escreveu sua última intenção, um livro sobre o descobrimento da América cujas histórias iriam revelar o lado dos vencidos, tais como os habitantes da América Central (astecas, maias e incas).
Seus escritos também eram de uma curiosidade peculiar. Não acentuava as palavras proparoxítonas e criava as próprias regras de acentuação. Seus textos também eram regados com ironias e críticas sutis e inteligentes.
Confesso que as versões globais da obra de Lobato nunca me chamaram atenção e nunca tive oportunidades de ter um contato mais íntimo com sua literatura quando criança. No entanto, quero me deliciar com as Reinações de Narizinho e com as cartas para seu amigo Rangel, além de participar das aventuras da boneca Emília (auterego do autor).
Com certeza, Lobato será sempre um marco na nossa literatura (a boa e não a entre aspas - para quem ler as cartas isso se tornará mais claro) apesar das vozes dos críticos nem sempre tão favoráveis.
Boa leitura a todos!

sexta-feira, junho 03, 2005

Exactly Like You

Today I am going to write about a song performed by Nina Simone. Its name is Exactly Like You. I do not know if it was one of Nina's most famous songs, but I do love listening to it, especially when I am in love with someone.
In Exactly Like You, Nina states that all she most wanted was a person to love and, now that she found this person, it is time to do everything for him.
Exactly Like You Dorothy Fields, Jimmy MacHugh - 1930 (performed by: Nina Simone)
I know why I waited Know why I've been blue I've been waiting each day For someone exactly like you Why should I spend some money On a show or two When nobody sings these love songs Exactly like you You make me feel so grand I wanna give this world to you You make me understand These foolish little dreams I'm dreaming And schemes I'm scheming Now I know why my mama She taught me to be true She knew just around the corner Was somebody like you You make me feel so grand I wanna give this world to you Baby you make me understand These foolish little dreams I'm dreaming And schemes I'm scheming Now I know why my mama She taught me to be true She knew just around the corner Yes she knew just around the corner Was somebody like you
Anyway, all I want to do is to play this song, and to give the world to someone very special. It is a song that proves that the jazz was also made to express love and affection towards a person.

quinta-feira, junho 02, 2005

Inveja!

Cheguei da academia agora a pouco e me deparei com a revista VEJA dessa semana. Um ponto de vista da escritora Lya Luft me chamou a atenção e gastei alguns minutos lendo e refletindo sobre o que ela disse em sua coluna intitulada O feio vício da inveja.

A autora discorre sobre fatos corriqueiros do nosso dia a dia em que nunca estamos contentes e satisfeitos quando vemos que alguém próximo a nós tem uma vida feliz e de sucesso. Quase nunca conseguimos aceitar que casamentos felizes existem e pessoas conseguem obter o sucesso almejado e desfrutar de momentos alegres e prazerosos. É sempre difícil ver a própria vida com algo completo. Parece que alguma coisa vai estar continuamente faltando na nossa breve existência.

Ela também se remete ao fato de que a crítica aos autores brasileiros é bastante acirrada e que eles são inferiorizados diante da produção literária estrangeira e que pessoas que se debruçam em comprar best-sellers são majoritariamente pessoas fúteis e que não sabem escolher boas leituras.

Apesar de achar que algo bastante chato aconteceu com Lya Luft em relação às suas produções que a levou a escrever essa coluna para alivias as tensões, tenho que admitir que concordo com suas palavras e que me encaixei em alguns aspectos mencionados por ela, tais como o fato de nunca estar satisfeito consigo próprio e também de concordar com a visão dela sobre o que é dito sobre os autores nacionais pela mídia que massacra. Bem, preciso deixar vocês porque o tempo e as responsabilidades não se importam se estou cansada ou não e querem a minha presença ativa para contribuir com a sociedade em que vivemos (somos trabalhadores sim!!! mas digo isso com ironia em meus pensamentos).

Espero que se divirtam com a leitura, tanto do meu texto como com o da revista.

quarta-feira, junho 01, 2005

Des émotions que je veux sentir.

And where are you now,
Now that I need you
Tears on my pillow(...)
Je voudrais sentir des emotions différentes, n'importe qu'elles emotions. Je sais que je ne suis pas une personne amère, comme beaucoup des gens ont d'habitude de dire que j'en suis. À mon avis, les autres qui ne savent pas trouver le douceur qu'éxiste dans mon cœur.
Pendent cette semaine j'ai parlé avec mon amie Cynthia sur les possibilités que je peux avoir si je laisser le Brésil et commencer à vivre dans un autre pays. J'ai conclu que je veux plus qu'une tête carrée : m'éveiller six heures du matin, prendre la duche, prende le petit déjeuner et aller au travail. Je veux connaître des nouvelles personnes, des nouveaux places, des nouvelles cultures et si je rester ici au Brésil, je sais que ma vie sera une merde.
À bientôt.