domingo, abril 16, 2006

As horas...

Tenho estado feliz desde a última semana. Mas o que vem a ser felicidade, se não mais que um simples estado de espírito, algo efêmero? As horas passam e, com esse deslocar dos ponteiros do relógio, a nossa vida passa. Pessoas passam pelas nossas vidas e cabe a nós mantê-las (ou não) em nossos caminhos.
Ontem assisti ao filme As Horas (EUA, 2002), de Stephen Daldry. Filme complexo, baseado no romance homônimo de Michael Cunningham. Em As Horas, o leitor é transportado para a vida de três mulheres que vivem em épocas diferentes, mas com uma coisa em comum: a vida deixada de lado por causa de outrem, em nome de uma mentira.
Seriam só Virginia Woolf (Nicole Kidman), Laura Brown (Julianne Moore) e Clarissa Vaughan (Meryl Streep) as que vivem em nome de uma mentira? Difícil dizer isso, uma vez que a maioria das pessoas que eu já conheci se enquadram(ríam) na pele dessas três personagens. Virginia escreve Mrs. Dalloway, Laura lê o romance de Virginia e Clarissa, por sua vez, protagoniza o romance.
Após assistir ao filme e ver que tanto eu, como muitas outras pessoas têm um pouco de Laura, Virginia e Clarissa, concluí que é preciso buscar vida, buscar momentos de alegria e vivenciá-los. Não que eu esteja preconizando o carpe diem, uma vez que isso já é coisa do passado e não se pode adotar um estilo de vida hedonista. O importante é buscar os momentos de felicidade e saber vivenciá-los, respirá-los de modo que eles possam ser acessados futuramente.

quarta-feira, abril 12, 2006

Busca.com

Hoje Simple começa mais um dia. Este é o dia que mudará toda a história. Talvez, pela simplicidade que evoca em seu nome... Aquela casa de praia estava tão desgastada que Simple pensou: minhas entranhas espalharam-se pelo estofado. O que ele havia descoberto era que em um de seus livros existia uma dedicatória do tipo: 'A sua simplicidade sondava o que as pessoas inteligentes falsificavam'. Isso o fazia vibrar. Proporcionava-lhe um êxtase inconfundível. E ele conseguia visitar todos os planetas. Visualizava aquilo que lhe convinha. Então, num golpe, encontrou algo que lhe desconcertou. Tropeçou num sentimento maiúsculo. Sentiu-se vulnerável, traído pela sua razão, já que a emoção não merecia confiança. Conheceu a primeira significação do dicionário. Viajou. Apoderou-se de ferozes asas. Seu dicionário tinha um nome próprio: mulher. Ele visualizava a pele delicada, estudava cada poro que lhe proporcionava um orgasmo múltiplo, seria isso possível? E então, encontrava-se arrebatado, acreditando na pureza do ser-humano. Crença vã. Isso ele sabia. Pôs-se a fazer trovas, sentindo-se o mercador de Veneza, ou, quem sabe, um poeta medieval. Simple caiu em si. Percebeu que estava em meados do séc. XXI, e que era amedrontado por um Mal que, ao mesmo tempo que o destruía, provocava-lhe os mais íntimos desejos. Mas sua amante tinha pedigree. Isso o tortura. Cada desejo era único. Cada sensação. Cada palavra. Ela tinha um cuidado camuflado com Simple no qual o conquistava e o enlouquecia. A segunda vista de Simple foi alucinógena. Porém, a terceira foi a primeira. O detalhe era memorizado. O sentimento era reconhecido. O beijo era desconcertante. Simple, envolvido pelo sofrimento, já não depositava crédito em relacionamentos. Mas Ms. Flor o surpreendia. Ela cuidava de Simple. Gravava os detalhes mais insignificantes. Insignificantes? E Simple? Cada vez mais desconcertava-se. Ele não sabia o fim ou o começo de tudo isso. Só conhecia o forte sentimento que o envolvia. Havia desejo. Ele queria. Sentia-se o mais forte dos seres. Para o seu coração, esse desejo era somente um pulso. Mas Simple pré-sentia a Traição. Ele estava perdendo o controle. Então, foi à Júpiter. Procurou algo novo. Encontrou Mrs. Rammy, comum em simplicidade, porém silenciosa. Outra característica que o torturava. Sua sensibilidade estava em alta. Um drink. Os sinônimos. Um sorriso. A contradição. Sua busca pelo imcompreensível. O indecifrável chegando...

segunda-feira, abril 10, 2006

Professor com P maiúsculo

Hoje foi O meu dia. De hoje em diante, eu sou professor e com P maiúsculo. Após cinco anos de estudos árduos, brigas, reclamações, protestos, comentários etc., eu consegui concluir e com êxito o curso de Letras, Licenciatura Plena em Português/ Inglês da Universidade Federal de Goiás.
Foi ótimo ver meus familiares sentados a minha frente, cantar o hino nacional, ser o juramentista, ouvir o discurso da Nadjanara (nossa oradora), ouvir Maria Zaíra Turchi, Ofir Bergeman, Jorge Alves Santana e Francisco Quaresma falando para nós, os nove formandos da colação especial de grau.
A cerimônia foi super simples, a recepção para os convidados mais simples ainda, mas como diria professora Zaíra, foi a colação especial mais especial que a Faculdade de Letras já viu.
Chorei, sorri, acho que me reconciliei com algumas pessoas, como foi bonito tudo aquilo. A colação de grau é um momento único. É quando em apenas alguns minutos, você se lembra de quando ingressou na faculdade e, de repente, se vê de beca, toga e proferindo o seguinte juramento:
"Prometo exercer minha profissão de educador fiel aos preceitos de sua ética, com firmeza e honestidade de propósito. Prometo dar o melhor de mim: inteligência, honra e fé, para elevar a criatura humana, construir a grandeza do Brasil e buscar a união dos homens e povos. Prometo consagrar-me aos ideais maiores da justiça, paz, amor e liberdade. Assim prometo."
Agora é hora de lutar para realizar meus sonhos e cumprir esse juramento. Uma pedra, lançada do alto de uma colina, pode se transformar em um grande deslizamento. Metáforas à parte, quero ser essa pedra lançada do alto da colina e lutar para não perder minha motivação, minha garra e continuar realizando este sonho que sempre tive: seguir a tradição da minha família e me tornar professor. E agora sou professor mesmo. Com P maiúsculo. E como é bom poder dizer isso e expressar minha felicidade.