quarta-feira, abril 12, 2006

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Hoje Simple começa mais um dia. Este é o dia que mudará toda a história. Talvez, pela simplicidade que evoca em seu nome... Aquela casa de praia estava tão desgastada que Simple pensou: minhas entranhas espalharam-se pelo estofado. O que ele havia descoberto era que em um de seus livros existia uma dedicatória do tipo: 'A sua simplicidade sondava o que as pessoas inteligentes falsificavam'. Isso o fazia vibrar. Proporcionava-lhe um êxtase inconfundível. E ele conseguia visitar todos os planetas. Visualizava aquilo que lhe convinha. Então, num golpe, encontrou algo que lhe desconcertou. Tropeçou num sentimento maiúsculo. Sentiu-se vulnerável, traído pela sua razão, já que a emoção não merecia confiança. Conheceu a primeira significação do dicionário. Viajou. Apoderou-se de ferozes asas. Seu dicionário tinha um nome próprio: mulher. Ele visualizava a pele delicada, estudava cada poro que lhe proporcionava um orgasmo múltiplo, seria isso possível? E então, encontrava-se arrebatado, acreditando na pureza do ser-humano. Crença vã. Isso ele sabia. Pôs-se a fazer trovas, sentindo-se o mercador de Veneza, ou, quem sabe, um poeta medieval. Simple caiu em si. Percebeu que estava em meados do séc. XXI, e que era amedrontado por um Mal que, ao mesmo tempo que o destruía, provocava-lhe os mais íntimos desejos. Mas sua amante tinha pedigree. Isso o tortura. Cada desejo era único. Cada sensação. Cada palavra. Ela tinha um cuidado camuflado com Simple no qual o conquistava e o enlouquecia. A segunda vista de Simple foi alucinógena. Porém, a terceira foi a primeira. O detalhe era memorizado. O sentimento era reconhecido. O beijo era desconcertante. Simple, envolvido pelo sofrimento, já não depositava crédito em relacionamentos. Mas Ms. Flor o surpreendia. Ela cuidava de Simple. Gravava os detalhes mais insignificantes. Insignificantes? E Simple? Cada vez mais desconcertava-se. Ele não sabia o fim ou o começo de tudo isso. Só conhecia o forte sentimento que o envolvia. Havia desejo. Ele queria. Sentia-se o mais forte dos seres. Para o seu coração, esse desejo era somente um pulso. Mas Simple pré-sentia a Traição. Ele estava perdendo o controle. Então, foi à Júpiter. Procurou algo novo. Encontrou Mrs. Rammy, comum em simplicidade, porém silenciosa. Outra característica que o torturava. Sua sensibilidade estava em alta. Um drink. Os sinônimos. Um sorriso. A contradição. Sua busca pelo imcompreensível. O indecifrável chegando...

1 Comments:

Blogger Aurélio Araújo said...

É duro dizer que muitas das vezes, eu me identifico com Mr. Simple...

sábado, abril 15, 2006 2:12:00 PM  

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