Sorte...

Já explicarei aos caros leitores esta minha súbita questão. Estou, como já disse no post anterior, na última fase de Educação Física e nesta fase tenho quatro disciplinas relacionadas à educação especial. Foi numa noite, quando estava preparando um trabalho para apresentar na disciplina de Fundamentos da Educação Física Adaptada que me peguei pensando sobre isso.
É euforicamente perigoso pensar que dentre tantos problemas e causas de deficiências, que vão de fatores genéticos aos não-genéticos, das inúmeras síndromes e mal-formações, que até hoje passei ileso e aqui me apresento “perfeito”. É eufórico pensar nisso, pois, dentro de nossa cultura da produção, posso me considerar um campeão, contudo é perigoso, pois pode fazer com que eu simplesmente esqueça que existem pessoas com necessidades especiais, e que uma melhor qualidade de vida destas depende de mim.
Retomando o que falei sobre a liberdade de Sartre, ela envolve todas as esferas de nossa sociedade, pois para sermos livres devemos libertar a todos, é assim que eu o compreendo. Esta questão pode ser associada a moralidade de Kant, apesar de ser um iluminista, este já dizia que o estágio máximo, que devemos buscar atingir, da moralidade é o bem de todos. Entretanto vemos que estamos muito, mas muito longe disto. É só olhar ao redor...
Como gosto de divagar e possuo pensamentos ariscos e estes já estão seguindo em outra direção. Retomando a moralidade, estamos vivendo em um mundo cada vez mais “virtualmente” (não no sentido de virtual, web, etc. mas sim de ilusório) integrado, pois, cada vez mais pensamos em nós mesmo e esquecemos do nosso redor. Criticamos e xingamos os políticos em todas as esferas, mas não olhamos nossos pequenos, e até tolos atos corruptos, mas não menos nocivos. Lembrando o poema do post passado: “Não há homem que seja por si sem, antes disso, ser toda humanidade” (Adilson S. Cardoso).
Bem não pretendo me estender muito mais. O recado que pretendo deixar é que devemos sim agradecer e até festejar o que somos e quem somos, mas não devemos esquecer os outros, pois estes, direta ou indiretamente, afetarão a nossa vida.
1 Comments:
Belo texto, Neno. Não me lembro de já ter parado para pensar em quão "perfeito" eu sou.
Já reparou que o Brasil não está preparado para lidar com pessoas que são portadoras de necessidades especiais? É raro encontrar rampas de acesso a calçadas. Ônibus com rampas para que os deficientes embarquem são quase um mito.
Enfim vivemos em um país que parece ter sido feito apenas para os funcionalmente perfeitos.
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