quinta-feira, dezembro 28, 2006

A FÉ NOSSA DE CADA DIA

A fé nos escorre pelas mãos. Não esta fé em algo supremo, mas a fé que depositamos em nós mesmos. A fé de seguir em frente, a fé de se entregar, a fé de acreditar sem parecer ridículo. E o ridículo cresce-nos aos olhos. Já não mais rimos alto, nem comemos pipoca andando pelo shopping. Não matamos o expediente, nem assistimos mais a filmes de comédia, não nos permitimos mais nos apaixonar. Não nos entregamos mais, não saímos mais escondido de casa, não roubamos mais flores, nem beijos, nem risadas. Não temos mais amores platônicos, nem bilhetes coloridos, nem pôr-do-sol de mãos dadas. Perdemos a nossa fé e culpamos o absurdo. "É o amor perdido, as contas a pagar, o fato de ter envelhecido, não ter alguém para amar." Sempre criamos álibes - sim, nós somos bons nisso - mas não criamos coragem de tentar novamente. Tentar é conceder que os fracassos se repitam, é por isso que um dia deixamos de ter fé e nos estagnamos num mundo que só nós achamos que é perfeito - "finalmente deixamos de sermos homens, para virarmos cogumelos". Vamos fazer diferente, ser diferente, começar diferente. Se tem medo do que os outros podem dizer, arranje um álibe! Diga que foi promessa, que estava escrito no horóscopo, que uma cartomante viu nas cartas que você deveria pirar e parar de ter medo de se arriscar ou simplesmente diga em grande e bom som: FOD*-SE. Não perca tempo, AME, CHORE, SORRIA, ANDE DESCALÇO, PERMITA UM DIA DA SEMANA AO ÓCIO, COMPRE UM CD, ESCUTE MUITA MÚSICA, DANCE NA SALA, ABRACE UM AMIGO, AJUDE UMA VELHINHA A ATRAVESSAR A RUA, COMPRE UM CHAPÉL ENGRAÇADO, FAÇA ALGUEM RIR, E PRINCIPALMENTE PERMITA-SE SER FELIZ, SEM MEDO DE SER RIDÍCULO, pois o ridículo nos faz rir e rindo nos tornamos pessoas melhores.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Adeus, Lenin!

O que você faria para aliviar o sofrimento de uma pessoa que você ama?

Essa seria, talvez a melhor pergunta a ser feita antes de assistir a
Adeus, Lenin! ("Goodbye, Lenin!", Alemanha, 2003). Neste filme dirigido por Wolfganger Becker com roteiro de Wolfganger Becker e Bernd Lichtenberg, o espectador entra num mundo onde simbolismo, comédia, drama e história se misturam de forma super inteligente e sensível.

Em
Adeus, Lenin! o espectador conhece Alexander (Daniel Brühl), um jovem que presencia os últimos momentos do socialismo na Alemanha. Alex é filho de Christiane (Katrin Sass), uma mulher que realmente acredita no socialismo e rejeita veementemente o capitalismo.

Após um enfarto, Christiane fica oito meses em coma e, com isso, perde a queda do Muro de Berlim e o fim da República Democrática da Alemanha. Quando ela acorda, o médico informa a família que ela deve ser poupada de emoções fortes. Para poupá-la, Alex decide evitar que ela saiba das mudanças ocorridas no país após o triunfo do Capitalismo e, para tal, Alex recria a Alemanha Socialista.

Com este filme de Wolfganger Becker aborda a queda do Socialismo alemão através de uma linguagem simples e acessível, utilizando-se de símbolos -- como na cena em que Denis (
Florian Lukas) vai apresentar uma versão alternativa do jornal Aktuelle Kamera e a imagem que representaria o triunfo do Socialismo cai da parede. Além dos símbolos, Adeus, Lenin! traz uma boa fotografia, ótimo elenco e é um filme que faz cada um dos seus 118 minutos valerem a pena.