terça-feira, setembro 27, 2005

Et quid nunc, Edna?

Hoje eu e uma colega de faculdade conversávamos sobre a vida e sobre Edna Pontellier, a personagem principal da novela The Awakening, de Kate Chopin.
Edna é uma refém de si mesma. Casada com Léonce, um homem que faz parte da alta sociedade de New Orleans, ela é praticamente uma de suas posses, ou seja, uma espécie de objeto de seu marido.
A partir do capítulo XIII, ela acorda de um longo sono e percebe que sua vida mudou, ou melhor, algo nela foi mudado e decide (re)começar sua vida. Após analisar o seu casamento com Léonce, Edna decide "se livrar" deste casamento e se entregar a um tórrido caso de amor com Robert Lebrun.
The Awakening traz como tema a felicidade e, ao abordar tal assunto, Kate Chopin nos faz compreender que a felicidade não é perene, mas sim algo efêmero e prova disso é a insatisfação de Edna, que mesmo após se ver livre de um casamento de aparências, continua querendo mais e mais.
Após ler essa novela, fiquei a pensar em quantas Ednas não existem por aí. Na verdade, Edna só estava insatisfeita com a rotina de sua vida conjugal e, ao invés de encontrar uma solução para esse problema -- que por sinal já teve até post aqui na RTDV (clique aqui) --, Edna prefere fugir dele e acabar com seu casamento e sua família.
Enfim, The Awakening é mais uma dessas histórias em que as ações são previsíveis. Essa minha colega mencionou que essa novela de Kate Chopin se assemelha a romances como Júlia, Sabrina, Mirela etc. Concordo com ela, mas não se pode negar o peso de Edna Pontellier, que é um personagem muitíssimo bem construído.

domingo, setembro 18, 2005

Meninas mulheres

Leciono para crianças e fico a observar o comportamento de minhas alunas. Algumas são tão novas e já se vestem e falam como se fossem adultas e isso é algo que não me causa uma boa impressão.
É tão estranho ver uma menininha de onze, doze, treze anos, totalmente maquiada e dando dicas de beleza e moda como se fosse uma autoridade no assunto. Parece que no meu tempo -- e olha que só tenho 23 anos -- as meninas eram meninas, ou seja, não tinham esse cuidado exagerado com a vaidade, se comportavam como meninas e não como mulheres maduras.
E de quem é a culpa? Das mães, que querem uma "filha ideal"? Da mídia, que prega que aquela "menininha" é demodé e precisa ser reestilizada? É difícil encontrar um culpado para essas transformações tão bruscas. O fato é que as meninas de hoje em dia simplesmente ignoram a infância, a época da inocência e vivem como adultas.
Diante disso, fica a pergunta que não quer calar: o que será dessas pequenas adultas quando chegarem aos 40 anos? Uma senhora em plena idade da loba, ou uma depressiva-compuliva que vive para enriquecer os psicoterapeutas e psiquiatras? Parece que só o tempo pode responder a essa questão.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Meu Brasil brasileiro

Outro dia durante uma consulta com o homeopata, chegamos à seguinte conclusão: vivemos em um país onde as pessoas são obrigadas a pagar duas vezes para ter direito àquilo que o governo é obrigado a oferecer.
Se o cidadão não quer ter sua casa arrombada ou o carro roubado, ele deve contratar uma companhia de seguros. Se este mesmo cidadão não quer morrer nas filas dos hospitais públicos, ele deve pagar um plano de saúde. Se este cidadão quer que seu(s) filho(s) tenha(m) uma boa formação educacional, ele deve pagar escolas e professores particulares.
Chega a ser ridículo saber que vivo em um país onde 26% do que pago pla minha conta telefônica, 17% do valor do pão francês que como todos os dias -- só para citar alguns exemplos --, pertence ao governo. E para onde vai esse dinheiro? Para o bolso dos deputados federais, para as malas que pagam a "mesada" daqueles que deveriam trabalhar para promover melhores condições sociais para os brasileiros.
Engraçado isso, não é?!